Mês: agosto 2020

A arte e a forma da mercadoria – por Rex Dunn, Zhoe Granger e Peter Osborne (transcrição de fórum de 2016) – Tradução: Lilian Zanvettor Ferreira

Por Rex Dunn, Zhoe Granger e Peter Osborne, via Platypus, traduzido por Lilian Zanvettor Ferreira     

Em 11 de outubro de 2016, o Platypus sediou um fórum intitulado “Arte e a forma de mercadoria” na Goldsmiths, Universidade de Londres. O painel reuniu Rex Dunn, marxista independente e escritor; Zhoe Granger, diretora da galeria, espaço do projeto e editora de arte, Arcadia Missa; e Peter Osborne, editor da revista Radical Philosophy e professor de Filosofia Moderna Européia na Universidade de Kingston. Sophia Freeman, do Platypus, moderou o painel. O que segue é uma transcrição editada do evento.

Resumo

Se é verdade que a “estrutura de mercadoria” (Lukács) é a característica definidora do capitalismo moderno no presente, então é lógico que ela não tenha menos impacto no modo como a arte é produzida, consumida, circulada e trocada. Essa mudança no caráter da arte aconteceu tanto objetivamente (por exemplo, como em um artigo produzido para troca no mercado), quanto subjetivamente (ou seja, como uma espécie de experiência e forma de expressão para o corpo social e individual).

No entanto, a relação da arte com seu status como mercadoria é ambivalente: a arte foi libertada de formas passadas de dominação, mas sua liberdade é limitada quando sujeita à dinâmica do capital. O status da arte como mercadoria é tanto cura quanto veneno, e se tornou um problema social para sua prática. Refletindo sobre esse problema, artistas, filósofos, curadores e críticos adotaram várias abordagens para tentar superá-lo.

Como a arte sob uma sociedade capitalista mudou de suas práticas pré-capitalistas? Qual é a forma da mercadoria e qual é a relação da arte com sua lógica? A arte deve buscar a emancipação da forma mercadoria ou está em casa nela? Em que sentido a arte participa da esquerda e da política emancipatória, se é que participa de algum modo? Ao fazer essas perguntas, este painel procura investigar novamente a relação da arte com a forma de mercadoria e tornar inteligível como essa relação problemática ainda permanece conosco hoje.

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Vaidade da Pintura – por Eric Rohmer (1951) – Tradução: Eduardo Savella e Letícia Weber Jarek

Por Eric Rohmer

 

Que vaidade é a pintura, que causa admiração pela semelhança com coisas das quais não admiramos os originais.

Pascal

 

A arte não muda a natureza. Outrora Cézanne, Picasso ou Matisse nos deram olhos totalmente novos. Que vaidade decerto é a pintura, que renuncia dizer ao mundo que este exista segundo suas próprias leis; mas verdade ainda mais profunda é que as coisas são o que são e passam bem sem nosso olhar. Ao mesmo tempo em que se arranjam em nossas paredes, o cubo, o cilindro, a esfera desaparecem de nosso espaço. Assim a arte devolve à natureza o que é seu. Ela faz da feiura beleza, mas a beleza seria verdade, se não existisse malgrado e até contra nós?

A tarefa da arte não é a de nos encerrar num mundo fechado. Nascida das coisas, ela nos reconduz às coisas. Ela se propõe menos a purificar, isto é, extrair das coisas aquilo que se dobra aos nossos cânones, que de reabilitar e nos conduzir, sem cessar, a renová-los. Hoje, este lento trabalho está bem próximo de se concluir. A covardia e a abjeção são a matéria de nossos romances, nossos pintores se comprazem no uniforme ou no chamativo. Entrevemos que logo não nos restará mais que devolver à nobreza e à ordem aquela dignidade que perderam. Temo, ainda assim, que atribuamos a esta falência comum da arte de falar e da de pintar causas completamente opostas. Pois uma, proibindo-se de cantar, não deseja mais que simplesmente mostrar, e a dignidade de existir não nos parece exigir outro ornamento. “Minha empresa não tem precedentes” – desde quase cem anos, que obra escrita não justificaria esta epígrafe? O pintor, em contrapartida, quis fazer do canto sua matéria, isto é, neste caso, de sua visão. Nenhum objeto entra em seu espaço que não se ajuste primeiro às dimensões deste e é a regra, escolhida de antemão, que traz em si a infinidade de suas aplicações. Mas, aqui como lá, vejo o mesmo desejo de solapar o prestígio do ser. Não admitir senão o insólito ou renovar o habitual são coisas, cremos, de todo semelhantes. Se nossa época foi aquela das artes plásticas é porque somente nelas nosso lirismo pôde achar sua medida; neste caso, a evidência desafia o canto. Dirão que este ponto de vista é aquele do mais grosseiro senso comum. É precisamente aí que eu queria chegar.

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Introdução a uma base de Cinefilia (por Pedro Chamberlain)

Introdução a uma base de Cinefilia (por Pedro Chamberlain)

Frequentemente recebo perguntas sobre como começar a estudar cinema, quais filmes assistir e onde baixá-los, que indicações eu tenho para livros, críticos, canais…

Por conta dessa reincidência, construí essa lista-resumo, com todos os meios e materiais que utilizo e já utilizei, para servir como um auxílio aos que tem interesse em estudar cinema mas não sabem por onde começar.

Qualquer dúvida ou sugestão, faça uma pergunta lá no meu Curious Cat.

MATERIAL DE ESTUDO INTRODUTÓRIO RECOMENDADO

Todo o material sugerido a seguir pode ser encontrado em formato PDF no canal Kyne Material, um grupo de Telegram destinado ao compartilhamento de leitura relacionada a Cinema.
Narrativa contra mundo, Tag Gallagher
The Story of Cinema, Mark Cousins
A História do Cinema Mundial, Fernando Mascarello
O que é o cinema?, André Bazin
A Linguagem Cinematográfica, Marcel Martin
Film Art: An Introduction, David Bordwell
Introdução à Teoria Do Cinema, Robert Stam
A Mise en scène no cinema: Do clássico ao cinema de fluxo, Luiz Carlos Oliveira Jr.
O Cinema e a Encenação, Jacques Aumont

INDICAÇÕES DE CURSOS ONLINE
Curso Online de Cinema, Arthur Tuoto
Do Frame À Narrativa, Philippe Leão
Oficina de Crítica Cinematográfica (abre periodicamente), Arthur Tuoto

INDICAÇÕES DE CANAIS NO YOUTUBE
Arthur Tuoto
Cine Antiqua
Cine Brasil América
Cine TV Revista
Cineastas da África
CineLixo
Cinemateca Chamberlain
Cinemateca Viola Chinesa
Clássicos de Mulheres
Clássicos do Terror
Dwan e Walsh Filmes
Gabriel Miranda
Horazul
Legacies of Brazilian Cinema
modernrocksong
Philippe Leão

INDICAÇÕES DE PORTAIS
Anotações de um Cinéfilo
BFI
Brains9
Cinética
Contrabando
The End Of Cinema
Estado da Arte
Feito por Elas
Grasshopper Film Transmissions
KINO SLANG
Little White Lies
MUBI Notebook
Multiplot!
New York Times
Plano Aberto
Plano Crítico
Vestido sem Costura
Quixotando

INDICAÇÕES DE CRÍTICOS
Adriana Scarpin
Arthur Tuoto
Diogo Serafim
Filipe Furtado
Isabel Wittmann
Jake Cole
João Pedro Faro
Jon M
Kristen Yonsoo Kim
Maicon Firmiano
Matheus Fiore
Neil Bahadur
Peter Labuza
Philippe Leão
Sean Gilman
Valeska G. Silva

Fonte (e lista de 500 filmes essenciais): https://letterboxd.com/pedrochambs/list/introducao-a-uma-base-de-cinefilia-1/